Cada um sabe o que é melhor pra si, não é?!...
Solteiros desimpedidos aderem à amizade colorida.
Para psicoterapeuta, essa forma de relacionamento não tem regras. Amizade pode correr risco quando um se apaixona e o outro só quer curtir a vida.
Amizade colorida é uma forma de relacionamento que parece nunca sair de moda. Jovens contaram ao G1 que recorrem a este tipo de envolvimento porque a praticidade e a cumplicidade estão entre os fatores que favorecem a aproximação entre amigos.
“O amigo é um cúmplice, a pessoa com quem você desabafa, e no meio dessas conversas calorosas ou nos momentos de carência pode acontecer uma 'ficada'. Isso pode se repetir quando um dos dois se sente sozinho e não impede outros relacionamentos”, afirma Mara Pusch, psicoterapeuta e sexóloga da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Foi em um período de solteirice que o estudante de publicidade Michel Namora, de 21 anos, se envolveu com uma de suas grandes amigas. “Estávamos em um bar, nenhum dos dois namorava e acabou rolando. Ficamos umas três vezes”, afirma. Segundo o estudante, apesar das “pegadas fortes”, não rolou sexo.
Atualmente, ele namora com outra garota e a amiga colorida encara o atual relacionamento dele sem encanações. “Não acho que ela tenha ciúme. Se tiver, sabe disfarçar muito bem”, diz.
Vai dar namoro?
Há quem imagine que a amizade colorida seja um passo para emplacar um namoro. P. A., de 24 anos, discorda completamente. “Quem se ‘enrola’ dessa forma não quer compromisso. Quer alguém legal pra conversar, companhia boa, alguém pra rir junto, mas sem apegos mais profundos. Tudo isso, mas sem perder a liberdade”, diz.
Já Érica Santos, de 22 anos, estudante de jornalismo, acredita que existe a possibilidade de fazer com que um “caso colorido” vire namorado. “Acredito que seja até mais fácil, porque você conhece a pessoa, sabe do que ela gosta e não gosta, sabe sua rotina”, diz. Em fevereiro deste ano, Érica começou a ficar com Saulo, seu colega de classe na faculdade. Eles já se conheciam há quatros anos e continuam ficando, passados seis meses. No início, tudo era mais descompromissado.
Atualmente, apesar de o casal não considerar o relacionamento um namoro, ela não se diz mais totalmente desimpedida. “Posso dizer que ele é o meu melhor amigo. Só que não é mais um simples caso, não posso sair com as minhas amigas para baladas com a consciência tranqüila, do tipo ‘sou solteira e não devo nenhuma satisfação’”, afirma. De acordo com Érica, para dar certo é fundamental que exista respeito entre as partes.
A psicoterapeuta acredita que é possível que amizades coloridas se transformem em relacionamentos duradouros. “Esta experimentação é uma forma de ir conhecendo o outro e pode se mostrar prazerosa e evoluir para um namoro e, quem sabe, casamento. Não existem regras, por outro lado, pode ser algo só momentâneo, de ocasião”, afirma.
Risco
Amigo é amigo e amores à parte: esta forma de raciocínio nem sempre tem bons reflexos. Enquanto uma pessoa está decidida a curtir, sem pensar em um envolvimento mais sério, a outra pode acabar se envolvendo, criar expectativas e se apaixonar.
“Se as pessoas estiverem em sintonias diferentes, é possível que a relação não dê certo. Um estará envolvido e o outro não, com isso, alguém se sentirá abandonado”, afirma Mara.
Quando uma das pessoas se apaixona e a outra não está nem aí, é natural que uma se sinta com as expectativas frustradas e, pior: a amizade desmorona. “Além de a relação não dar certo, pode se perder um grande amigo. Por isso, é bom verificar se realmente vale correr o risco”, diz a psicoterapeuta.
Fonte: Do G1, em São Paulo
Editoria: Brasil/ Comportamento
11/08/2008 - 08h00
http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL717116-5598,00-SOLTEIROS+DESIMPEDIDOS+ADEREM+A+AMIZADE+COLORIDA.html