sábado, 6 de dezembro de 2008

PESSOAS LIMPAS SÃO MAIS TOLERANTES


Lavar as mãos ou tomar um bom banho pode deixar as pessoas menos incisivas em seus julgamentos, diz um estudo que será publicado na edição de dezembro do jornal Psychological Science. Segundo os pesquisadores, quando uma pessoa se sente fisicamente limpa, ela afrouxa seu crivo moral e se torna mais tolerante.


A pesquisa foi comandada pela psicóloga Simone Schnall, da Universidade de Plymouth, na Inglaterra. Ela diz que as descobertas dão força a pesquisas anteriores que afirmam que os erros aparentemente forçam as pessoas a se limparem fisicamente, um fenômeno chamado “efeito Macbeth”, em referência à peça homônima de Willian Shakespeare, na qual a personagem Lady Macbeth, sentindo-se culpada pelo assassinato que planejou, lava-se tentando retirar manchas de sangue imaginárias.

Segundo Simone, quando fazemos um julgamento moral, acreditamos que estamos tomando uma decisão consciente e racional, mas no subconsciente estamos sendo influenciado pela sensação de pureza que estamos sentindo. Um exemplo pode ser visto nos jurados de um julgamento. “Se o júri lavar as mãos antes de soltar o veredicto, ele pode ser menos duro em sua decisão”, diz a pesquisadora.

As conclusões foram baseadas em dois experimentos com estudantes universitários. No primeiro, 40 alunos tiveram de formar frases com grupos de quatro palavras. Um grupo trabalhou com palavras que remetiam à limpeza, como puro, lavado, e imaculado. O outro grupo trabalho com palavras neutras.

Depois os participantes receberam uma série de dilemas morais, que variavam de “normal” a “extremamente errado”. Os dilemas incluíam situações como pegar o dinheiro de uma carteira achada, colocar falsas informações em um resumo e usar um gato para desejos sexuais.

Os estudantes que trabalham com as sentenças com palavras “limpas” acharam as transgressões menos ofensivas que os outros alunos.

No segundo experimento, os participantes viram cenas pesadas do filme Trainspotting, que mostra abuso de drogas. Depois, metade dos alunos lavou as mãos e a outra metade, não. Os que lavaram as mãos deram avaliações menos severas que os outros para as cenas assistidas.

A pesquisadora conclui que os alunos que leram sobre limpeza ou lavaram as mãos interpretaram equivocadamente os exemplos devido aos seus sentimentos de limpeza física. Em um trabalho anterior, Simone mostrou a mesma relação entre o nojo e os julgamentos morais.

“Se eu me sinto incomodada por sentar em uma mesa suja e penso quão errado é não devolver uma carteira perdida, eu concluo erroneamente que o sentimento de incômodo se deve ao fato de que não devolver é uma atitude errada. Na verdade, o sentimento de nojo vem do ambiente sujo, não da atitude”, afirma. “Se eu me sentir limpa por ter tomado um banho, talvez eu pense que ficar com a carteira não é tão mau assim”.

Fonte: ÉPOCA

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