SUPERBACTÉRIAS
Li esta matéria na Revista Época on-line. Outras informações sobre superbactérias é só entrar no link da revista...
Uma nova geração de pragas resiste aos antibióticos até se tornar invencível. Por que todos nós estamos vulneráveis
Cristiane Segatto
Você pode não perceber, mas é um ecossistema ambulante. Noventa trilhões de micróbios habitam seu corpo – na maioria das vezes, harmonicamente. Só existe saúde e energia onde existem muitas, muitas bactérias do bem. Uma pop star como Madonna, por exemplo, não teria músculos invejáveis nem seria capaz de dar tantas piruetas se não estivesse colonizada por exércitos desses microorganismos. Em seu corpo bem cuidado, Madonna carrega 2,4 quilos de bactérias. Quer saber qual é a população que mora em você? Basta dividir seu peso por 20. Os habitantes invisíveis ocupam a pele, a boca, o estômago, os genitais – o corpo todo.
Desempenham inúmeras funções, entre elas vencer bactérias maléficas. Nos últimos anos, no entanto, a vida das bactérias do bem tem ficado mais ameaçada. O uso irracional de antibióticos levou ao surgimento de uma nova geração de bactérias do mal capaz de resistir a todas as armas. Essas superbactérias matam as bactérias benéficas e não podem ser contidas pela maioria das drogas. Às vezes, por nenhuma delas. Infecções causadas por bactérias resistentes podem afetar qualquer um – os jovens e os velhos, as pessoas saudáveis e as cronicamente doentes.
As superbactérias costumam ser encontradas primordialmente nos hospitais. É um ambiente propício a elas porque lá os organismos em que vivem (nossos corpos) estão debilitados por doenças e, portanto, são menos capazes de lutar contra elas. Além disso, o ambiente fechado favorece a contaminação – apesar dos cuidados extremos de limpeza. O problema, agora, é que elas deixaram de ficar restritas aos hospitais. Nos Estados Unidos, já foram identificadas em ginásios de esporte, academias, universidades, prisões. Os surtos provocados por uma única bactéria, a Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), afetaram centenas de milhares de pessoas e mataram 19 mil no país apenas em 2006. O ataque das superbactérias continua.
Um exemplo é a Klebsiella pneumoniae. Ela tem formato oval e uma camada externa dura e cheia de açúcar. Essa cápsula dificulta o trabalho dos glóbulos brancos, que não conseguem engolfá-la e destruí-la. Pessoas saudáveis podem viver muito bem com a bactéria. Os que estão debilitados, no entanto, costumam adoecer gravemente. Em 2000, uma cepa da bactéria foi isolada de um paciente da UTI do hospital da Universidade de Nova York. Ela resistia à maioria dos antibióticos. Nem amônia e desinfetantes poderosos conseguiam eliminá-la das instalações do hospital. Vários pacientes foram infectados. Além de pneumonia, sofreram infecções sanguíneas e no trato urinário provocadas pela Klebsiella. Dos 34 pacientes infectados no hospital naquele ano, quase metade morreu.
Fonte: Época
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