sábado, 27 de junho de 2009

RISCOS E PREVENÇÕES DA NOVA GRIPE

O G1 publicou uma reportagem sobre a gripe suína que explica o que é a doença, o contágio, como prevenir e a forma de tratamento. Publico aqui alguns trechos, mas vale a pena entrar no site do G1 e conferir a matéria na íntegra!...

A gripe A (H1N1) é uma doença respiratória causada por um vírus influenza tipo A cujos "ancestrais" causam regularmente crises de gripe em porcos. Ocasionalmente, o vírus vence a barreira entre espécies e afeta humanos. O vírus da gripe suína clássica foi isolado pela primeira vez num porco em 1930. Desde então, o patógeno sofreu novas recombinações e se tornou mais capaz de infectar pessoas. Saiba o que sabemos sobre essa doença.

Como a nova gripe mata?

Na verdade, qualquer tipo de gripe pode matar, em especial pessoas com sistema imune (de defesa do organismo) enfraquecido. A nova gripe parece ser capaz de afetar gravemente pessoas com sistema imune mais forte, ao menos em certos casos. O principal risco associado à doença é uma inflamação severa dos pulmões, que pode levar à insuficiência respiratória, ou seja, incapacidade de respirar direito. Outras complicações sérias têm a ver com lesões severas nos músculos, que podem levar a problemas nos rins e no coração, e mesmo, mais raramente, meningites e outros problemas no sistema nervoso central. Em todos esses casos, pode ocorrer a morte.

A OMS declarou que o vírus já causa uma pandemia no mundo. Isso significa que haverá alto grau de mortalidade por causa da gripe?
Não. O conceito de pandemia se refere ao grau de espalhamento da doença ao redor do mundo -- no caso, transmissão sustentada, ou seja, contínua do vírus, em vários continentes. O fato de haver uma pandemia não significa que todos os que adquirem a infecção morre. Segundo os últimos dados da Organização Mundial da Saúde, menos de 0,5% das pessoas com infecção confirmada pela nova forma de H1N1 acabaram morrendo. Como cerca de 30% dos que adquirem gripe não apresentam sintomas, e levando em conta que nem todo mundo vai até o médico para relatar a infecção, a porcentagem real de mortos deve ser menor ainda.
Isso, no entanto, não é motivo para falta de cuidado. Quanto maior o número total de pessoas que forem contaminadas pelo vírus, maior será o número de mortes. E, como poucas pessoas possuem defesas inatas contra essa nova forma do patógeno, o espalhamento não-contido do vírus poderá matar muita gente, em especial entre os que têm organismo mais frágil.

Qual é o risco de uma situação de forte avanço da gripe no Brasil?

Ainda é cedo para dizer com certeza. Por sorte, a transmissão do vírus no país aparenta, por enquanto, ser limitada, restringindo-se a pessoas que viajaram para o exterior, para locais onde há focos mais vivazes da nova gripe, ou a pessoas que tiveram contato com os que contraíram a doença fora do país. Isso significa que ainda não existe a chamada transmissão sustentada, ou seja, aquela na qual o vírus circula de forma constante e ininterrupta dentro de uma população. No entanto, isso pode mudar a qualquer momento.

Quem pega a gripe uma vez pode ser infectado por ela novamente mais tarde?
Não. O organismo cria defesas contra o vírus. No entanto, se houver uma mutação significativa na cepa, alterando as características que o causador da doença usa para invadir o organismo, é como se fosse uma nova onda de gripe - e aí a doença pode acontecer de novo.

Como os seres humanos pegam vírus de origem suína?
Normalmente, esses vírus não infectam humanos. Entretanto, vez por outra, mutações no vírus permitem que eles contaminem pessoas. Na maioria das vezes, os contágios acontecem quando há contato direto de humanos com porcos. Mas também já houve casos em que, após a transmissão inicial do porco para o homem, a partir dali o vírus passou a circular de pessoa para pessoa. Foi o caso de uma série de casos ocorridas em Wisconsin, EUA, em 1988. Nesses casos, a transmissão ocorre como a gripe tradicional, pela tosse ou pelo espirro de pessoas infectadas. Consumir carne de porco pode causar a nova gripe? Não. Ao cozinhar a carne de porco a 70 graus Celsius, os vírus da gripe são completamente destruídos, impedindo qualquer contaminação.

O que fazer para evitar o contágio?
O CDC (Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA) fez algumas recomendações para evitar a doença.
- Cubra seu nariz e boca com um lenço quando tossir ou espirrar. Jogue no lixo o lenço após o uso.
- Lave suas mãos constantemente com água e sabão, especialmente depois de tossir ou espirrar. Produtos à base de álcool para limpar as mãos também são efetivos.
- Evite tocar seus olhos, nariz ou boca. Os germes se espalham deste modo.
- Evite contato próximo com pessoas doentes.
- Se você ficar doente, fique em casa e limite o contato com outros, para evitar infectá-los.

A gripe é transmitida para animais domésticos, como canarinhos, cães, papagaios e gatos?
Muito provavelmente, não. É cedo para dizer que outros animais estão imunes, mas a característica desse vírus é de transmissão entre suínos -- e agora entre humanos. Normalmente, aves domésticas são contaminadas por outros tipos de vírus. Já cães se infectam por outro tipo de influenza.

Quais são os sintomas da gripe suína?
Os sintomas são normalmente similares aos da gripe comum e incluem febre, letargia, falta de apetite e tosse. Algumas pessoas com gripe suína também tiveram coriza, garganta seca, náusea, vômito e diarreia.

Como se faz o diagnóstico de gripe suína?
Para identificar uma infecção por um vírus influenza do tipo A, é preciso analisar amostras respiratórias do paciente durante os primeiros 4 ou 5 dias da doença -- quando uma pessoa infectada tem mais chance de estar espalhando o vírus. Entretanto, algumas pessoas, especialmente crianças, podem manter o vírus presente por dez dias ou mais. A identificação do vírus é então feita em teste de laboratório.

Como é feito o tratamento?
"Existem duas linhas de medicamentos. Uma delas, a amantadina, impede a entrada do vírus nas células humanas. A outra, de medicamentos como o Tamiflu [oseltamivir], tenta barrar a saída do vírus de uma célula quando ele tenta infectar outras", explica o biólogo da USP.
A má notícia, diz Iamarino, é que o H1N1 já se mostrou resistente à primeira classe de remédios. Por enquanto, o oseltamivir ainda parece ser capaz de agir contra ele.

Você pode tomar as atuais vacinas contra a gripe?
Sim. A recomendação é sempre essa, pois essas vacinas ajudam a combater a gripe tradicional.

As vacinas contra a gripe têm alguma influência na proteção contra a nova gripe?
De acordo com o pesquisador da USP, existe a possibilidade de essas vacinas oferecerem proteção parcial contra o vírus proveniente de porcos. No entanto, mesmo que isso aconteça, certamente a formulação delas não será a ideal. "Não sabemos, por exemplo, para que lado vai caminhar a variabilidade genética do vírus suíno. Normalmente, ao produzir uma vacina, você já leva em conta o conhecimento que tem do vírus para tentar cobrir a variação futura dele e alcançar o máximo possível de proteção", diz Iamarino.

Fontes: CDC, Datasus, OMS, Atila Iamarino (biólogo, doutorando em evolução de vírus, USP, do blog Rainha Vermelha), e Nancy Junqueira Bellei, médica infectologista, coordenadora do setor de pesquisa em vírus respiratórios da Unifesp

Seja o primeiro a comentar

Postar um comentário

  ©Template Blogger Green by Dicas Blogger.

TOPO